NAS FESTAS POPULARES
Deste velho de barbas brancas, como identifica o poeta Fernando Pessoa, lembro-me, em miúdo, quando o tempo era propício a trovoadas, de tapar a cabeça com os lençóis por medo dos trovões, dizendo a minha mãe para não ter, porque o santo, lá no céu, estava numa de arrumar a “casa”. Aliás creio que muita da sua popularidade advém do “regozijo” ou da “culpa” que lhe é conferido pela ocasião das chuvas, na abundância ou por falta dela.
Tu que diabo? És velho
És o único dos três que traz velhice
Às festas. Tuas Barbas brancas
Têm tudo contudo um ar terno
A que o teu duro olhar não dá razão.
Parece que com essas barbas brancas
Por fenómeno de imitação
Pretendes ter um ar de Padre Eterno.
És o único dos três que traz velhice
Às festas. Tuas Barbas brancas
Têm tudo contudo um ar terno
A que o teu duro olhar não dá razão.
Parece que com essas barbas brancas
Por fenómeno de imitação
Pretendes ter um ar de Padre Eterno.
Recordo também, na adolescência, nas festas populares da cidade da minha terra natal, o “queimar os últimos cartuchos”; quer nos bailaricos, quer no “saltar às fogueiras”. Eram as festividades que encerravam, o campismo selvagem lá para os lados da Trafaria, nos fins-de-semana, era a meta a seguir.
Se há quem diga (bairristamente falando) que o Santo António está para Lisboa, e o São João está para o Porto, cabe-me dizer (morador no concelho à 38 anos) no São Pedro, Seixal é único. E quem com dúvidas houver, venham ver de como o Povo ribeirinho se esmera nas comemorações deste seu santo padroeiro, que também foi pescador.
Cá está a Timbre
A espalhar a sua alegria
Traz o Manel e a Maria
Vem com cana e balões
Com a sua gente
Vem dar volta ao arraial
E a cantar dizer bem alto
Viva o Seixal
As festividades, promovidas pela Câmara Municipal do Seixal, em honra do São Pedro, iniciaram-se, este ano, 10 dias antes do feriado municipal, para que os naturais, munícipes e visitantes, tenham a oportunidade de participarem nos diversos arrais, nos “comes e bebes” e assistir a eventos como: animação de rua, teatro ao ar livre, na actuação das bandas filarmónicas, na mostra, todos os dias, do artesanato, ranchos folclóricos e ainda a animação dos músicos itinerantes.
Encontro de estátuas vivas, actuação de conjuntos musicais, a exemplo; UHF, Anjos, Banza. Outros artistas de nomeada tais como: Marco Paulo, Rui Bandeira, Susana Félix e o Mário Barradas a cantar Ary dos Santos. Fados e guitarradas no Largo da Igreja e o desfile da Orquestra de percussão – Toca a Rufar, espera-se que sejam momentos de grande regozijo.
Igualmente a serem pontos altos, na véspera do dia de São Pedro, é os desfiles das marchas populares dos diversos bairros e freguesias, incluído neles as marchas, dos Reformados e a das Canas.
Mas em que consiste a Marcha das Canas de que tanto gosta o povo do Seixal e, que parte dos músicos das centenárias Sociedades Filarmónicas; Democrática Timbre Seixalense e União Seixalense, entre outros, com muito bairrismo, primam, todos os anos, por abrilhantar tal evento?
Dizem os mais velhos que era tradição, no dia que antecede o dia de São Pedro, após o baile popular, os resistentes, deslocavam-se com uma toalha branca ao ombro, na direcção da Quinta Grande, onde havia um chafariz e caniçais. Lavavam e limpavam a cara para depois atar as toalhas às canas, previamente cortadas, que erguiam, voltando pelo nascer do Sol, em marcha ao som da charangada, com o intuito de manterem bem vivas as festividades em honra do Santo.
Dizer, para concluir, que hoje, o espaço dessa Quinta, só dá lugar ao nome e a empreendimentos habitacionais, contudo para que a tradição não morra, com o apoio da C.M.S., foi construído, creio que uma réplica do chafariz, na área da nova sede da Soc. Portugal Cultural e Desporto, na Arrentela, difícil é, por perto, encontrar um caniçal.
Nota:
Bibliografia
Quadra do Fernando Pessoa
C: M.Seixal,
Soc. Filarm. D.Timbre Seixalense
Quadra do Emílio Oliveira Rebelo
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