sábado, 8 de outubro de 2011

OS RAPAZES DA RUA DOS PLATANOS DO MEU VELHO BAIRRO DAS FURNAS XI

No meu velho Bairro das Furnas, a maioria das crianças eram rapazes. Havia raparigas, mas, o que me dava observar, eram em número inferior. Não me é possível a esta distância, enumerar todos aqueles com quem convivi nas brincadeiras. Tenho relembrado em modestos escritos, alguns com quem partilhei “patifarias” próprias da época. No entanto há lacunas quanto às brincadeiras com as raparigas. Também brincava, mas menos. As mães, os pais e sobretudo as avós, não achavam lá muita “graça” as meninas brincarem com os rapazes. Hoje, o pensamento, felizmente, é diferente para melhor.

Pelas razões atrás aduzidas, torna-se mais fácil “rabiscar” sobre os garotos da minha rua do meu velho Bairro das Furnas. Rua esta que me viu crescer, viver e partir para casar com uma linda rapariga, que dá pelo nome de Maria Emília, mãe das minhas 2 filhas e com quem ainda hoje, felizmente, partilho a vida.

A Rua dos Plátanos, como a maioria das ruas, era dividida por 2 lanços. Moravam no lanço de baixo 4 rapazes. O José Silva, os irmãos Fernando e Carlos Espinha e o Bica que já faleceu. No lanço de cima habitavam mais 12 rapazes. O Luís Filipe, o Luis Damião, o José Fernando, os irmãos Manuel e Valdemar, o Fernando da Carolina, o Raul Pica Sinos, o Julio da Rosa, o Pedro da Engrácia,o Luís Augusto, o Emílio e o Pisco este também já falecido. Havia ainda outros rapazes com idades que já se situavam na esfera da adolescência. Sendo que as suas “brincadeiras” já eram outras. Lembro o Zé Koi, Zé Camacho, Zé António, o Américo, e irmão mais novo da Ilda e da Mariazinha.

Os miúdos do meu Bairro das Furnas, aquando da idade escolar da 1ª à 4ª classe,
tinham brincadeiras, que hoje são raras por diferentes, Se bem que, já naquele tempo, havia miúdos que residiam nos arredores do Bairro, resultante do estrato social dos seus pais tinham algumas diversões que os seus vizinhos miúdos do bairro não podiam achegar.
Essa diferença levava a que alguns moradores nos arredores e “turistas”, tivessem o descaramento de afirmar, que os residentes das Furnas, eram gente problemática no sentido pejorativo.
Problemático da cabeça era quem o afirmava.

Os problemas que existiam eram derivados da pobreza da vida. Sim. Existia muita tristeza na maioria das casas por continuarem a ver os seus filhos mal calçados e mal vestidos. Os seus filhos não tinham acesso aos brinquedos que os outros meninos tinham e, que aqui e ali as montras mostravam. No entanto apesar das dificuldades, os miúdos do meu bairro também brincavam. Faziam os seus próprios brinquedos. Eram felizes com o que tinham. Eram pobres, mas as portas das suas casas no meu velho Bairro das Furnas nunca se fechavam à chave.

Diz o ditado que, com os rapazes nem o diabo se metia. Tínhamos que brincar. A brincadeira mais fácil dos miúdos da minha rua, depois das aulas, era fazer pequenos “desafios”, no cruzamento da rua que dava para o estendal comunitário. Lembro-me uma vez da gritaria da “habitante” da casa de esquina, na frente à casa do Luís Filipe por ter sido “flagelada”, por um chuto na bola menos certeiro.



Suposto era a bola ir na direcção baliza feita de pedras. Não foi. A direcção da bola foi nas chapas de lusalite que cobriam a parede exterior da casa, partindo-se umas quantas. Digo umas quantas porque não deu para ver o efectivo estrago, tendo em conta a fuga então desenfreada.
O fiscal Costa, por queixa da prejudicada, veio de pronto cobrar o prejuízo. Sendo certo que a “brincadeira” não acabou aqui. Depois de feitas as contas, e saldadas com o fiscal Costa, eram “ajustadas” outras contas lá em casa. E durante alguns dias, ficávamos, com as orelhas a arder e não só, e no “banco” sem jogar.

Como eu gostava de abraçar, hoje, os rapazes do meu velho Bairro das Furnas.

3 comentários:

MGomes disse...

São viagens extraordinárias que fazemos nos tempos outrora vividos, sempre que por aqui passamos!!! As emoções alimentam, e bem, extes textos emocionalmente escritos e a vida aí fica para que não se perca na memória futura!!!

Um Abraço!!!

Luís Ramos (Damião) disse...

Olá Raul!
É a nostalgia que me leva a visitar os teus maravilhosos trabalhos sobre o nosso velho Bairro.
Um grande abraço!
Luís Filipe Ramos (Luís Damião da saudosa nossa Rua dos Platanos)

Luís Filipe Ramos (Luís Damião) disse...

Olá Raul!
É a nostalgia que conduz à visita regular dos teus maravilhosos trabalhos sobre o nosso velho Bairro, em particular a Rua dos Plátanos onde residíamos.
Um grande abraço!
Luís Filipe Ramos (Luís Damião)