quinta-feira, 31 de julho de 2014

JÁ NO SÉCULO XV EXISTIA O NOME DE PICA SINOS


Com uma rara cultura, Anselmo Braamcamp Freire (1849-1921) foi escritor, historiador e um dos fundadores do Arquivo Histórico Português, em 1903.
Como arqueólogo e genealogista deixou uma vasta obra, tendo sido em Portugal o precursor de genealogia científica.

Os Brasões da Sala de Sintra são a obra maior de investigação de Anselmo Braamcamp Freire, autor que ocupa um lugar de excepção, de primeira fila, na legião dos que, depois de Herculano, adiantaram as investigações históricas em Portugal.
Esta obra marca também o início, em Portugal, do estudo da Genealogia como uma ciência auxiliar da História, pois até essa data ela mantivera-se num estado de panegírica, e de pouca ou nenhuma aplicação dos métodos científicos de investigação.
(Wikipédia)
142 Brasões
……
   Por fim entrou el Rei a cavalo coberto de riquíssima armadura guarnecida de pedras preciosas e pérolas, com a coroa real sobre o elmo e dela saindo os liames de nau doirados que ostentava por cimeira em atenção à rainha, fazendo um desgraçado trocadilho com liames e Lianor, como então se dizia:
   Estes liam de maneira que jamais pode quebrar quem co'elles navegar.
   Em volta de D. João II caminhavam quarenta moços de estribeira vestidos de brocados de pêlo.
   Atrás de el Rei vinham, tambe'm a cavalo, os oito mantenedores, a um e um, todos ricamente vestidos de brocados e sedas, cobertos de bordados e entretalhos e ornados de magníficas jóias. Cada um deles era rodeado de muitos moços de esporas vestidos de sedas.

   O primeiro mantenedor atrás de el Rei era D. João de Valenzuela, antigo prior mor da Ordem de S. João de Castela, donde andava desterrado por haver seguido o partido da Excelente Senhora. Era homem não muito novo decerto, pois que já naquela qualidade figurara numa concórdia celebrada em 1467 entre os priorados de Castela e Portugal (i). Trazia como cimeira o vulto de Alexandre sobre uns grifos e esta divisa:

   O sexto era D. João de Meneses, o Pica-Sinos, alcunha que lhe foi posta por em rapaz querer andar sempre a repicar sinos. Era irmão do conde de Cantanhede e aio e mordomo-mor do príncipe D. Afonso, a quem acompanhou quando, em 12 de Julho de 1491, deu, nos campos de Santarém, a mortal queda do cavalo abaixo. D. João, um dos melhores poetas do Cancioneiro, trazia por cimeira um ichó (armadilha em forma de alçapão para apanhar caça meúda) e dentre dele metido até à cintura um homem. A divisa era esta:

Es tan dulce mi prision
que deve, para matarme,

no prenderme mas soltarme.