Com
uma rara cultura, Anselmo Braamcamp Freire (1849-1921) foi
escritor, historiador e um dos fundadores do Arquivo Histórico Português, em 1903.
Como
arqueólogo e genealogista deixou uma vasta obra, tendo sido em
Portugal o precursor de genealogia científica.
Os Brasões da Sala de
Sintra são a obra maior de
investigação de Anselmo Braamcamp Freire, autor que ocupa um lugar de excepção, de primeira fila,
na legião dos que, depois de Herculano, adiantaram as investigações
históricas em Portugal.
Esta obra marca também o início, em Portugal, do estudo da Genealogia como uma ciência auxiliar da História, pois até essa data
ela mantivera-se num estado de panegírica, e de pouca ou
nenhuma aplicação dos métodos científicos de investigação.
(Wikipédia)
142 Brasões
……
Por fim entrou el Rei a cavalo coberto de
riquíssima armadura guarnecida de pedras preciosas e pérolas, com a coroa real
sobre o elmo e dela saindo os liames de nau doirados que ostentava por cimeira
em atenção à rainha, fazendo um desgraçado trocadilho com liames e Lianor, como
então se dizia:
Estes liam de maneira que jamais pode
quebrar quem co'elles navegar.
Em volta de D. João II caminhavam quarenta
moços de estribeira vestidos de brocados de pêlo.
Atrás de el Rei vinham, tambe'm a cavalo, os
oito mantenedores, a um e um, todos ricamente vestidos de brocados e sedas,
cobertos de bordados e entretalhos e ornados de magníficas jóias. Cada um deles
era rodeado de muitos moços de esporas vestidos de sedas.
O primeiro mantenedor atrás de el Rei era D.
João de Valenzuela, antigo prior mor da Ordem de S. João de Castela, donde
andava desterrado por haver seguido o partido da Excelente Senhora. Era homem
não muito novo decerto, pois que já naquela qualidade figurara numa concórdia
celebrada em 1467 entre os priorados de Castela e Portugal (i). Trazia como
cimeira o vulto de Alexandre sobre uns grifos e esta divisa:
O sexto era
D. João de Meneses, o Pica-Sinos, alcunha que lhe foi posta por em rapaz querer
andar sempre a repicar sinos. Era irmão do conde de Cantanhede e aio e mordomo-mor
do príncipe D. Afonso, a quem acompanhou quando, em 12 de Julho de 1491, deu,
nos campos de Santarém, a mortal queda do cavalo abaixo. D. João, um dos
melhores poetas do Cancioneiro, trazia por cimeira um ichó (armadilha em forma
de alçapão para apanhar caça meúda) e dentre dele metido até à cintura um
homem. A divisa era esta:
Es tan dulce mi prision
que deve, para matarme,
no prenderme mas
soltarme.
Sem comentários:
Enviar um comentário