A mãe do João dava pelo nome de Maria Alfaro. Para os vizinhos era conhecida por “Maria do Carvão”. Teve 4 filhos. 2 Meninas e 2 Rapazes – a Lurdes, o João, o Vítor e a Clara Alfaro -. Esta última filha, ainda não era nascida aquando das ocorrências mais à frente traduzidas. Esta Senhora, enquanto moradora no Bairro da Boavista, era vendedora de carvão, razão pela qual, quando veio morar para o Bairro das Furnas, é identificada por “Maria do Carvão”. Tinha casa na Rua dos Freixos, mais propriamente 2 casas abaixo onde morava o barbeiro e, também “enfermeiro”, o Eugénio.
As datas dos acontecimentos, infelizmente, já não me ocorrem, mas seguramente foi na década dos anos 60. Ouvia-se na rádio, frequentemente, o Joselito a cantar. Miúdo de nacionalidade espanhola, que encantou tudo e todos com a sua voz. Um dos seus grandes êxitos foi a “Campanera”. Que muitos, miúdos e graúdos, o acompanhavam a cantarolar.
O João Alfaro, meu grande amigo, companheiro de escola, também adorava cantar. Quem se lembra dele em miúdo, sabe do que escrevo. O João andava sempre a cantarolar e, não se pense que cantava mal. À época, a sua voz, acompanhava bem o timbre melódico das canções de êxito popular. Não me é difícil recordar este “puto”, a imitar o Joselito, quando cantava a Campanera.
Uma das vezes, o palco da cantoria, foi na entrada do velho bairro, mais propriamente no jardim da praça. O João apresentava-se em jeito e na “pose de artista”. Ora com as mãos bem perto do peito, ora, uma delas, fechada, junto à boca a “substituir o microfone”.
Foi muito gratificante vê-lo a “actuar” para nós amigos e companheiros. No final do “espectáculo”, entre risos e aplausos, vaidoso, sorridente de alegria, com uma vénia, agradeceu. Que saudades meu velho!
Por qué has pintado en tus ojeras
La flor del lírio real?
Por qué te hás puesto de seda
Jay, campanera! Por qué será?
Numa outra vez, o êxito foi muito maior. Já tínhamos 17/18 anos. Passou-se no Sete-Rios, clube situado num velho edifício, em Sete-Rios, onde naquela época, proliferavam os bailaricos, sobretudo aos fins-de-semana. Edifício que hoje sustenta alguma nostalgia ao verificar-se todo emparedado e ao abandono.
Parece que estou a ver todo o seu interior.
Logo na entrada, a sala. Muitas cadeiras em seu redor a acompanharem as paredes. Ao fundo um alto palco. Também havia alguns grandes espelhos pendurados.
Estávamos no auge do rock-and-roll, o Elvis Presley era o “grande” ídolo da rapaziada. Todos gostávamos de dançar ao ritmo das suas músicas.
Naquele sábado à noite, actuava, no Sete-Rios, uma banda, cujo vocalista era uma jovem bem bonita e muito graciosa no acompanhamento musical. Encantava tudo e todos, mas falhava no rock-and-roll.
Eu dançava com uma empregada doméstica linda de “morrer”. Quando acabei, procuro oferecer à minha companheira, no bar, que se situava no lado esquerdo da entrada, algo refrescante. Mais à frente, reparo que o João, estava junto do palco a falar com a vocalista, certamente, pensando eu, a protestar tendo em conta a falha por não se ouvir tocar as canções/músicas do “ídolo”. ...Quanto... enganado estava.
O João queria cantar. O João Alfaro, para além de querer mostrar os seus dotes, queria colmatar, naquela noite de sábado, a falha da vocalista em termos do rock-and-roll. E o seu protesto não foi em vão. No intervalo foi vê-lo no palco a dançar e a cantar à capela:
A-wop-boh-a-loo-wop-a-woh-bam-boom
Tutty frutty, ah, rutty
Tutty frutty, ah, rutty
Tutty frutty, ah, rutty
Muito bom. A restante letra foi cantada num “inglês” cuja tradução não existia e ainda hoje não existe. Mas que foi muito apreciado e aplaudido, não tenham a menor das dúvidas.
Era um miúdo muito divertido do meu velho Bairro das Furnas.
Aquele abraço companheiro. Tenho saudades de te ver.
Raul Pica Sinos
Nota: A foto do João Alfaro é no tempo da escola primária
Parece que estou a ver todo o seu interior.
Logo na entrada, a sala. Muitas cadeiras em seu redor a acompanharem as paredes. Ao fundo um alto palco. Também havia alguns grandes espelhos pendurados.
Estávamos no auge do rock-and-roll, o Elvis Presley era o “grande” ídolo da rapaziada. Todos gostávamos de dançar ao ritmo das suas músicas.
Naquele sábado à noite, actuava, no Sete-Rios, uma banda, cujo vocalista era uma jovem bem bonita e muito graciosa no acompanhamento musical. Encantava tudo e todos, mas falhava no rock-and-roll.
Eu dançava com uma empregada doméstica linda de “morrer”. Quando acabei, procuro oferecer à minha companheira, no bar, que se situava no lado esquerdo da entrada, algo refrescante. Mais à frente, reparo que o João, estava junto do palco a falar com a vocalista, certamente, pensando eu, a protestar tendo em conta a falha por não se ouvir tocar as canções/músicas do “ídolo”. ...Quanto... enganado estava.
O João queria cantar. O João Alfaro, para além de querer mostrar os seus dotes, queria colmatar, naquela noite de sábado, a falha da vocalista em termos do rock-and-roll. E o seu protesto não foi em vão. No intervalo foi vê-lo no palco a dançar e a cantar à capela:
A-wop-boh-a-loo-wop-a-woh-bam-boom
Tutty frutty, ah, rutty
Tutty frutty, ah, rutty
Tutty frutty, ah, rutty
Muito bom. A restante letra foi cantada num “inglês” cuja tradução não existia e ainda hoje não existe. Mas que foi muito apreciado e aplaudido, não tenham a menor das dúvidas.
Era um miúdo muito divertido do meu velho Bairro das Furnas.
Aquele abraço companheiro. Tenho saudades de te ver.
Raul Pica Sinos
Nota: A foto do João Alfaro é no tempo da escola primária
Sem comentários:
Enviar um comentário