terça-feira, 10 de abril de 2012

TALVEZ NÃO SAIBAM (?) QUE A REVOLUÇÃO DE ABRIL DE 1974...

Na sequência do golpe militar de 28 de Maio de 1926, foi implementado em Portugal um regime autoritário e fascista. Em 1933 o regime é remodelado, auto-denominando-se Estado Novo. Oliveira Salazar, Presidente do Conselho de Ministros, até então Ministro das Finanças, passou a controlar o país não mais abandonando o poder até 1968.

Desde o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, que a comunidade internacional e a ONU, vinham a defender a implementação de uma política de descolonização em todo o mundo. O Estado português recusa-se a conceder a autodeterminação aos povos das regiões colonizadas. Salazar, praticando uma política de isolamento internacional sob o lema Orgulhosamente só, levou Portugal a sofrer consequências extremamente negativas a nível cultural, económico.

Em Março de 1961, no norte de Angola acaba por estalar uma sangrenta revolta. A chacina merece de Salazar a resposta …Para Angola rapidamente e em força….

O regime fascista, defensor de uma política colonialista, alimenta as fileiras da guerra colonial, já então espalhadas pela Guiné e por Moçambique, com o propósito de manter as chamadas províncias ultramarinas sob a bandeira portuguesa com o resultado de milhares de mortos entre os povos.

O ditador Salazar, doente e senil, foi afastado do Governo em 1968. Américo Tomás, então Presidente da República chamou, a 27 de Setembro deste mesmo ano, para o substituir, Marcelo Caetano. Este, em tempo afastado do Governo por Salazar, veio a seguir a mesma política, no que diz respeito às províncias ultramarinas.

Os militares portugueses começaram a revelar grande desgaste e mesmo desprestígio com a continuação da guerra colonial que, se mantinha há mais de dez anos, concluindo que não era militarmente que a questão do ultramar se resolveria.
As eleições legislativas, em Portugal, ocorridas em 1973, não trazem alterações nem melhorias visíveis.

Começam a organizar-se grupos conspiratórios entre os capitães do exército, motivados também por reivindicações de carácter corporativo por parte dos oficiais do quadro permanente, contra o regime e contra a manutenção da guerra.

Paralelamente alguns sectores das finanças e da economia, classes médias e movimentos operários, constituem um importante factor na contestação à política do regime e, apresentavam-se, então, concordantes quanto à independência das colónias que, acabaria por acontecer, pondo assim termo a uma guerra que se prolongou por 13 anos.

A constituição do MFA resulta de uma reunião clandestina no Monte Sobral, em Alcáçovas, sendo que a primeira reunião clandestina de capitães foi realizada na Guiné-Bissau a 21 de Agosto de 1973. A guerra colonial constituiu a motivação dominante deste movimento criado por militares dos três ramos das forças armadas; exercito, aviação e a marinha.

O Movimento estuda e planeia a execução do golpe de Estado. A 24 de Abril de 1974, desencadeia tomada de posições, a partir comando no quartel da Pontinha em Lisboa. Desenvolve acções após a canção “E depois do Adeus” de Paulo de Carvalho (23horas) emitida via rádio pelos Emissores Associados de Lisboa. E dá início a ocupações no terreno, a partir do segundo sinal com a transmissão da canção “Grândola Vila Morena” de Zeca Afonso (00,20horas do dia 25 Abril).

Com o amanhecer as pessoas começaram a juntar-se nas ruas, solidários com os soldados revoltosos; uma florista, do seu molho de cravos que transportava, colocou um na espingarda de um soldado, de seguida todos o fizeram ficando os cravos símbolo da revolução.

As forças da Escola Prática de Cavalaria, comandadas pelo Capitão Salgueiro Maia, fazem a ocupação do Terreiro do Paço em Lisboa. Mais tarde a do Quartel da GNR no Largo do Carmo, onde se encontra refugiado o chefe do Governo, Marcelo Caetano, rendendo-se final do dia.

No dia seguinte forma-se a Junta de Salvação Nacional, constituída por militares que, procederá a um governo de transição. O essencial do programa do MFA tem como pontos fundamentais. Democratizar, Descolonizar, Desenvolver.

Entre as medidas imediatas da revolução dos cravos, contam-se a extinção da PIDE/DGS e da censura. Os Sindicatos passam, na sua grande maioria, a ser livres, os partidos são legalizados e, os presos políticos libertados.

Desenvolvem-se medidas atinentes para acabar com a guerra e, de preparação da independência das colónias ultramarinas. Facto que ocorre entre Outubro de 1974 e Novembro de 1975.
Da Guiné-Bissau, o último contingente militar regressou a Lisboa em 15 de Outubro.

Hoje, Abril de 2012, Os sucessivos governos, por força de politicas de direita, muitos dos direitos conquistados com a revolução de Abril de 1974 e, amplamente consagrados na Constituição da Republica Portuguesa, foram retirados. Torna-se necessário mudar de governo, mudar de políticas, defender Abril.

25 Abril Sempre!

Raul Pica Sinos
Bibliografia: Centro Documentação 25 Abril da Universidade de Coimbra,
Dicionário Enciclopédia Wikipedia. Foto de Carlos Granja

1 comentário:

José Justo disse...

Bom trabalho, amigo.
Parece que foi ontem, mas tantos anos já passaram. Pena é que se tenham perdido quase todos os ideais criados.