TROVAS ANTIGAS, SAUDADES LOUCAS
…Bom dia!
Bom dia! Retorqui.
…Queria falar com o JRP!
Quem fala?
…Fernando Bretes!
Pergunto interrogado; Fernando Bretes?
…Sim é (sou) o Fernando Bretes. Responde o meu interlocutor do outro lado da linha do telefone.
Conheço um Fernando Bretes! Concluo.
…Pois é, Fernando Bretes há só um! Sou eu e mais nenhum!
Pela resposta comecei a ter menos incertezas de ser o homem que, há décadas, não sabia do seu paradeiro. Não que, não tivesse perguntado por ele, mas quem me podia dar respostas, também a alguns anos não o encontrava.
Intrigado, foi a vez de o Fernando fazer as suas perguntas.
…Então de onde me conhece?
S. Domingos de Benfica, Bairro das Furnas, Bairro Grandela, Estrada de Benfica, diz-lhe alguma coisa?
…Claro que me diz, foram os locais onde cresci e vivi!
…Locais onde tenho a maior parte dos meus amigos de sempre!
…Mas, posso saber quem está ao telefone?
Claro que podes, sou o Raul Pica Sinos!
…Eh Raul que saudades! Que bom! Há quantos anos amigo!
…Como estás? Temos que beber um copo!
…Tens visto o “Cataré”? O José Caetano? Sabes, sou o padrinho do casamento dele com a Alice!
…Há anos também não o vejo.
O nosso encontro não se fez esperar.
Numa tarde deste Outono, levo comigo o amigo comum, José Caetano, ao encontro.
Em “volta” de um divinal bacalhau assado, com batatas a murro, bem regado com o “Esteva do Douro 2010” da Ferreirinha, tinto já se vê, no já célebre Restaurante Pancitas, em Queluz de Baixo, a conversa levou horas a relembrar o passado.
Antes no Café “Neusa”, em Queijas, naquele dia em que, o sol brilhou mais, foi bonito de ouvir, os justificativos pelo tempo de tanta ausência.
Naquele dia 20 de Outubro de 2012, os abraços sentidos foram bem fortes, sobretudo entre o padrinho e o afilhado.
Foi comovente observar umas quantas lágrimas caídas de alegria e, de afeição entre os dois amigos.
Bem mais tarde, com o aproximar do pôr-do-sol, com a promessa de um novo encontro para breve, os brindes da despedida com o vinho de Murça acontecem!
No regresso, no carro que nos transportou, o fado sucedeu!
Trovas antigas, saudade louca
Andam cantigas a bailar de boca em boca
Tristes bizarras, em comunhão
Andam guitarras a gemer de mão em mão
Chegados ao local da partida, à nossa espera a D. Alice, a irmã do meu amigo e, um conjunto de outras senhoras não menos amigas que, perante a nossa visivel alegria e satisfação, resultante dos diversos “saluté” pela vida e, por desejos da rápida dissipação da presente crise que, assola o país, receberam-nos sorridentes e, entusiasticamente falando.
A D. Alice, mulher do meu amigo de antanho, resolveu, dada a demasiada “satisfação” do seu homem, de pronto recolher aos seus aposentos, sózinha, não sabendo o autor deste registo, da existência, em sua casa, do chamado “rolo da massa” e, de um sofá com vistas ao merecido descanço do seu marido.
Notas:
A primeira foto resulta de uma montagem fotográfica da autoria da Teresa Carvalho as restantes são da responsabiliade do autor