domingo, 1 de dezembro de 2019
RECOMEÇAR É PRECISO
Procurando arrumar no pensamento acontecimentos passados e os melhoramentos que foram realizados na aldeia do Pombalinho, depois da transferência da junta de freguesia para a comarca da Golegã, investiguei em vários documentos históricos o seu enquadramento municipal na região do Ribatejo.
Sem ter conta a descrição das efemérides, em 1837, a aldeia do Pombalinho pertencia à Comarca de Santarém. Em 1884, passa a integrar a Comarca da Golegã e em 1902 é integrada novamente na Comarca de Santarém.
Em Janeiro de 2013, a Freguesia do Pombalinho, por via da reorganização administrativa, passa pela segunda vez a pertencer à Comarca da Golegã.
AS LINHAS DE FRONTEIRA E OS LIMITES
Em resultado das ocorrências, veio-me há memória um filme com a data de 1958, que nos transmite humoristicamente o quanto essas irresponsabilidades se podem traduzir em elevados riscos sociais.
A cena passa-se numa vila imaginária, fronteiriça, localizada numa estrada raiana que dividia Itália e a França, sendo que a linha de fronteira passava pelo meio de uma estalagem.
São protagonistas os artistas cinematográficos, o Fenandel, no papel de polícia da fronteira francesa, e o Tótó no papel um contrabandista italiano.
Quando o polícia consegue prender o contrabandista, descobre-se acidentalmente que o guarda nasceu na Itália, e não na França, porque nasce na cozinha da hospedaria, no lado italiano. Em razão da confusão da nacionalidade, o Fernandel além de perder sua autoridade como policia em França, é ainda acusado de desertor de guerra na Itália.
Ora, uma das principais razões para passagem acima supracitada, prendia-se com linha de fronteira e com os limites territoriais que separavam a Comarca de Santarém da Comarca da Golegã, mais propriamente entre a rua 5 de outubro da aldeia do Pombalinho, e as ruas confinantes à rua do Casal Centeio da aldeia da Azinhaga. Tal situação gerava assimetrias e problemas graves nos interiores das moradias do lado sul da citada rua 5 de outubro. Porquanto, separava as salas destinadas às refeições e às cozinhas das restantes partes da casa, tais como as destinadas às casas de banho, aos logradouros e às hortas. Ou seja: As primeiras salas pertenciam à freguesia do Pombalinho, as restantes espaços à freguesia da Azinhaga.
Não querendo descrever muitas das razões, tenho a ideia que quando o ordenamento e os limites dos territórios são feitos de régua e esquadro, sem ter em conta as realidades alicerçadas no terreno, as anomalias sucedem-se. Resultando daí prejuízos imediatos para as populações, quiçá agravadas, por via das desresponsabilizações de quem as homologou e, não só.
CAMINHAR FAZ O CAMINHO
Esta aberrante situação, acrescida do abandono que o Pombalinho estava votado pela Camara Municipal de Santarém, foram as razões mais sentidas do povo pombalinhense para o levantamento das reivindicações com vista à saída da comarca a que estavam vinculados.
Com efeito, na luta por melhores condições e qualidade de vida, os pombalinhenses mobilizados e organizados numa comissão chefiada pelo então Presidente da Junta de Freguesia, Dr. Luís Santana Júlio, souberam percorrer todos os meios possíveis para alcançar a vitória. Nomeadamente:
A) Na resolução das assimetrias de habitabilidade
B) Para usufruir de melhor desempenho e benefício autárquico;
C) Para permitir melhor prestação para a resolução dos problemas existentes com os serviços de água, saneamento e limpeza;
D) Por razões de proximidade tendo em conta melhor acesso aos serviços estatais e sociais;
E) Para usufruir do transporte grátis nas deslocações aos mais diversos serviços em todas as freguesias da Golegã; entre outros;
Ainda assim, não me pareceu extrair das conversas com familiares e vizinhos que o limite territorial, entre as freguesias do Pombalinho e da Azinhaga por via do enclave Casal Centeio, ficasse resolvido.
Aqui ocorre-me citar José Saramago:
…. Cada segundo que passa é como uma porta que se abre para deixar entrar o que ainda não sucedeu…
Raul Pica Sinos
Dezembro 2019
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