… Conseguia traduzir um misto de paz e sossego a quem o visitava...
… Fechava todo este panorama, uma linda escadaria...
… Muitos furnianos, felizmente o recordam com saudade…
Sabe-se que a construção, do velho bairro, foi dada como concluída em 1946. Recebe 3 três meses mais tarde, os primeiros habitantes. Foi edificado nos terrenos da chamada Quinta das Furnas, pertença da Camara Municipal de Lisboa (CML), conferindo, segundo o programa de Casas Desmontáveis, incerto na Lei 28912 de 1938, ao realojamento, de famílias de rendimento muito pobre.
O terreno onde foi erigido apresentava-se, a oriente, com uma colina “salpicada” de oliveiras. Quem entrava pela Azinhaga (rua) das Furnas, olhando o chão na sua frente, na direção ao sul, deparava um ligeiro declive, a “cair” para a aba da serra do Monsanto.
Não fora a destruição dos vitrais e do sino. Do espatifar de dezenas de fotografias históricas, por via de gente do alheio aquando a “visita”, às provisórias instalações do Centro Social, situado algures num sítio que, hoje se identifica como Rua Costa da Mota. Seria mais fácil construir esta breve resenha do lugar que, durante muitos anos, deixou observar todo um espaço que, conseguia traduzir um misto de paz e sossego a quem o visitava.
Que saiba, também ninguém, nos presentes dias, tem o panorama impresso, ou se quisermos a fotografia que, retrate, reproduza, no seu todo, o cenário arquitectónico construído no adro. A procura foi grande, inclusivamente nas instituições que, supunha-se haver testemunhos em arquivo. Refiro-me, ao espaço que sustentava a nossa Igrejinha e, o Cruzeiro que lhe fazia companhia
Segundo melhor opinião, até à data, raros foram os textos a descrever o enobrecimento, o valor histórico/devoto que, exortou durante anos, milhares de fiéis à oração e, à formação religiosa. Como raros foram os escritos, com os testemunhos da importância, para outros milhares de pessoas, que subiram ao alto, outrora “salpicado” de oliveiras, com vistas a observar todo um quadro paisagístico que proporcionava.
A foto, que, retrata todo o exterior da capela, foi reconstruída a partir de outras imagens, com ângulos diferentes. No entanto, apesar de não ser uma fotografia original, crê-se que, a fidelidade, resulta quase a 100%.
Na fachada da capelinha observava-se um vitral do feitio hexagonal, com a existência de uma cruz dourada ao meio. É bem visível o campanário com o sino. Sobre este, a cruz, era electrificada. Em dias festivos, ficava iluminada durante as noites.
Embora não seja visível, a larga porta de entrada, possuía, quer do lado esquerdo, quer do lado direito, 2 portas mais pequenas, dando acesso ao interior. Também nas traseiras, a cada um dos lados, existia, de dimensão idêntica, outras 2 portas, para acesso à sacristia e, a um pequeno cartório, que tinha como finalidade reuniões de organização com os fiéis.
Neste espaço, também visível a escola dos rapazes, apresentava-se sempre bem ajardinado, cuidado e limpo. Existia ainda um Cruzeiro. Este marco foi cenário de enumeras recordações, quer fotográficas, quer com as brincadeiras da pequenada. Era feito de pedra, com uma cruz em relevo, cravada com cimento, a toda a sua altura.
Fechava todo este quadro, uma linda escadaria. Era feita de pedra com vários lanços, dos quais, o ultimo, era ladeado com ciprestes. Conferindo-nos, ao contrário do seu simbolismo, um cenário encantador.
Como é bom recordar, quando nos dias de domingo, misturados com a paisagem, os cânticos que se ouviam, vindos da capela, entoados pelas raparigas e pelos rapazes, em coro, primorosamente ensaiados pela D. Mª de Lurdes.
Já no final da missa, não menos belo, em sinal de alegria, repicar do sino, accionado pelo sacristão Sr. Cristóvão, fazendo-o ouvir por quilómetros de distância.
Tenho como ideia que, não houve sensibilidade suficiente para se ter preservado, naquele ou noutro lugar, a capela e o cruzeiro do velho bairro. Outros o fizeram quanto à capela.
Todo este espaço, todo este cenário arquitectónico de outrora e, todas as recordações que encerrou, constitui um marco histórico da vida de muitos furnianos que, hoje, felizmente o recordam com saudade.
Bibliografia:
Discrição - Vitral da capela e do Cruzeiro - Livro “O nosso Bairro” – Mª Lurdes P. Gomes
Foto - Terreno Quinta das Furnas – Sapo.pt
Foto – Adro com a Capela e Cruzeiro – montagem da furniana Teresa Carvalho (Té)
Rememoração (partes) da furniana – Clarisse Caetano
1 comentário:
Quero agradecer à Teresa de Carvalho, o carinho e, a dedicação que dispensou a montar todo o cenário fotográfico que traduz quase a 100% o adro que no passado sustentava a Capelinha e o Cruzeiro do nosso velho Bairro das Furnas. Eu sei que não foi fácil. As horas que gastaste do teu precioso tempo não foram em vão querida amiga. É um documento histórico que, só tu, com o teu saber e dedicação foi (é) possivel, hoje, reviver todo aquele espaço com a saudade que o mesmo encerra. Obrigado Té. Aquele abraço.
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