sábado, 22 de setembro de 2012

RECORDANDO AMIGOS XXIX

…Logo quando o teu pai chegar, para te castigar, vou fazer-lhe queixa…
…Vai saber do teu grande disparate...

Com a face algo ruborizada, foram as expressões da senhora Dª Graviolina, ao saber que, a sua filha se sentava, por vezes, num muro a arremessar pequenas pedras às ratazanas, que, se escondiam no silvado em redor de um existente caneiro por perto da sua casa.
Pela tarde, com o pai, fechados no quarto, a “ralhação” para servir de exemplo à aprendiza caçadora, às suas duas outras irmãs e, ainda fazer jus às inquietações da sua mãe, é substituída, por um fraterno afago nos seus lisos e belos cabelos, com a seguinte pergunta:

…então conta lá como foi?..

Recordando os dois em voz baixa, rindo, por iguais brincadeiras do seu pai enquanto menino e moço.
Ao saírem do quarto, faziam por não esquecer o semblante bem carregado, para que, a restante família fosse sabedora da “descompostura” então “aplicada”.

Refiro-me à Teresa Carvalho, a Té, moradora na Rua dos Salgueiros. Resultado de um ligeiro apanhado de uma conversa, em relembre, de histórias com os/as miúdos/as do meu velho Bairro das Furnas.
Esta moça, extremamente divertida, amiga do seu amigo e, generosa. Está sempre disponível na cooperação de eventos da sua especialidade profissional e, não só.
Extremosa mãe de um rapaz, o Gui. É uma das três filhas da Sr.ª Dª Graviolina e do saudoso Georgino. Gino como lhe chamavam os amigos. Operário, serralheiro mecânico de profissão.
Homem de educação superior.
Excelente pai e, estimado por todos que, com ele tiveram o privilégio de conviver.

Mas tudo isto a propósito…
Esta furniana de gema, cuja estima e, respeito que, é muito, é especialista em designer. Surpreendeu-me, em passado recente, pela oferta de várias fotos montagens da minha pessoa, em cenários e temas só ser possível por alguém com a imaginação fértil, nas diferentes filosofias da programação visual. E que muito lhe agradeço.
O que Té não sabia e, só agora o denuncio, uma das imagens que projectou, cá o rapaz, enquanto adolescente tinha também por hobby o fascínio pelos toiros, não tanto como cavaleiro, mas antes como forcado.

Certa vez, na Azinhaga do Ribatejo, terra do José Saramago e, vizinha da terra natal dos pais da minha mulher, o Pombalinho, era dia de festa em honra do santo padroeiro.
Por primos da minha mulher fui convidado a assistir, não só aos diferentes eventos, como em especial à tradicional festa brava, considerada como um dos momentos mais altos do programa, a que chamam de “picaria”.

Vejo-me a ser conduzido a uma cerca redonda, à qual os espanhóis chamam de “tentadero”. Era feita de varas de pau compridas, de carroças e de carros de bois, não só para servir de bancadas aos aficionados, de abrigo a alguns “pingados” eufórico pelo néctar da “uva” e, determinados a desafiar a bravura dos animais, como também delimitar o espaço destinado às “lides tauromáquicas”.
No entanto apercebi-me que, o convite adicionava o desafio ao “menino de Lisboa”, a mostrar (como os naturais) a sua valentia na frente de tão corpulentos e bravos bichos.

O prémio para quem conseguisse pegar, a mais corpulenta vaca, era de 500$00 escudos, cuja nota estava enrolada num pequeno saco de pano no cachaço do animal.
Estava fora de questão agarrar a vaca pelos cornos, não havia “grupo de forcados” em número suficiente.
A “sorte” seria agarrar a vaca de cernelha, tendo um dos primos a servir de rabejador.
Analisado os prós e, os contras, pareceu-me fácil a tarefa. Não só para ganhar o dinheiro, mas sobretudo para mostrar que o “menino de Lisboa” era tão valente ou mais, como aqueles que se tinham emprestado a organizar o desafio ao “empertigado e musculado alfacinha”.

Num ápice, num determinado salto para a “arena”, em “paço de ganso” para a necessária surpresa, dirijo-me pela direita à corpulenta vaca, por modo a não ser possível avistar-me.
Quando faltavam 2 metros para o sucesso, não é que a vaca vira a “cara”, olha para mim e, para o meu parceiro rabejador, “pensando certamente o que é que estes querem” e, sem demoras, a descarada investe, originando uma fuga desenfreada. Valeu-me na defesa a cerca construída com as citadas varas de pau.

O “menino de Lisboa” honrou a sua terra. A sua a valentia ficou provada e brindada em “vivas e olés”, várias vezes, numa tasca por perto.
Só quem não ficou lá muito contente, foi a Ti Georgina, minha mãe. Teve que lavar a baba da vaca colada nas calças, por duas vezes, mostrando que foi por um triz que não houve “voo picado” em tão belo e divertido dia.

Foto nº1:
Escolha do autor da página da Teresa Carvalho
Foto nº2:
Foto montagem com a imagem do autor da autoria da Teresa Carvalho
Foto nº3:
Perdida no Google

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